As síndromes hipertensivas representam uma das alterações que
ocorrem com mais frequência na gravidez, encontrando-se entre as principais
causas de morte materna e perinatal no mundo. Dentre essas, destaca-se a
pré-eclâmpsia que acomete aproximadamente 5 a 7 % das gestações, e se
caracteriza pela presença de proteínas na urina e por hipertensão arterial na
segunda metade da gestação. Mulheres com pré-eclampsia devem, em geral, dar à
luz prematuramente para evitar complicações.
Segundo a comissão USPSTF (U.S. Preventive Services Task Force), a
doença placentária é o problema médico mais grave que pode afetar grávidas no
mundo. Diversos estudos foram realizados com o objetivo de avaliar estratégias
efetivas para reduzir tanto a incidência como a gravidade da pré-eclâmpsia.
Essas intervenções incluem dieta com restrição de proteína ou sal, repouso,
exercícios, suplementação com zinco, cálcio, magnésio, ácido fólico, vitaminas
antioxidantes (C e E), óleo de peixe ou outras fontes de ácidos graxos,
heparina, heparinas de baixo peso molecular e drogas anti-hipertensivas. Além
disso, estudos sugerem que a ingestão diária de pequenas doses de aspirina pode
reduzir o risco da doença.
Fisiopatologia da pré-eclâmpsia
Estudos sugerem o envolvimento de fatores imunogenéticos na
fisiopatologia da pré-eclâmpsia. Aventa-se uma possível implicação do gene da
síntese do óxido nítrico e do sistema Human
leucocyte antigen (HLA),
resultando em uma resposta imunológica materna anormal ao trofoblasto,
determinando a má-adaptação placentária. Assim, foi sugerido um modelo de
fisiopatogenia da pré-eclâmpsia que admite deficiência na invasão trofoblástica
nas artérias espiraladas maternas, levando à reduzida perfusão na unidade fetoplacentária.
A má-adaptação placentária desencadeia lesões endoteliais que são responsáveis
pela secreção de fatores ativadores do endotélio vascular na circulação
materna, causando a pré-eclâmpsia.
Uso de aspirina na redução do risco da doença
Baseando-se na fisiopatologia da pré-eclâmpsia com anormalidades
da coagulação e alteração da relação tromboxane A2 e prostaciclina, diversos
estudos randomizados investigaram os efeitos de baixas doses de aspirina (50 a
150 mg/d) para sua prevenção.
Desta forma, uma revisão sistemática, disponibilizada na Cochrane,
envolvendo 59 ensaios clínicos com 37.560 gestantes com risco moderado e alto
para pré-eclâmpsia, sugere que a utilização de drogas antiplaquetárias,
principalmente a aspirina, reduz em 17% o risco de desenvolver pré-eclâmpsia.
Aspirina também foi associada à redução de 14% das mortes fetais ou neonatais,
à pequena redução de 8% do risco de nascimentos antes da 37ª semana de gravidez
e a 10% de redução da incidência de recém-nascidos PIGs.
Um painel de especialistas ligado ao governo dos EUA recomenda que
mulheres com alto risco de pré-eclampsia tomem 81 mg de aspirina de baixa dose
diariamente depois de 12 semanas de gestação. O grupo de risco inclui quem já
teve o problema, mulheres com gestações múltiplas, aquelas com mais de 35 anos,
obesas e quem desenvolveu diabetes ou pressão alta na gravidez. O uso de
aspirina parece não provocar efeitos colaterais no curto prazo durante a
gravidez, ao mencionar uma análise de 19 estudos clínicos.
Referências
Estudos indicam aspirina contra pré-eclâmpsia.
Disponível em:
<http://crfmg.org.br/novosite/index.php/profissional-empresa/imprensa/noticias/488-estudos-indicam-aspirina-contra-pre-eclampsia>
. Acesso em: 27 abril 2014.
AMORIM, M. M. R., SOUZA, A. S. R. Prevenção da pré-eclâmpsia
baseada em evidências. Revista
Femina, v. 37, p. 47 – 52, Jan. 2009.
Médicos nos EUA recomendam aspirina para reduzir risco de
pré-eclâmpsia. . Disponível em:
<
http://noticias.r7.com/saude/medicos-nos-eua-recomendam-aspirina-para-reduzir-risco-de-pre-eclampsia-08042014
>. Acesso em: 27 abril 2014.
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