quarta-feira, 7 de maio de 2014

Estudos indicam aspirina contra pré-eclâmpsia

 As síndromes hipertensivas representam uma das alterações que ocorrem com mais frequência na gravidez, encontrando-se entre as principais causas de morte materna e perinatal no mundo. Dentre essas, destaca-se a pré-eclâmpsia que acomete aproximadamente 5 a 7 % das gestações, e se caracteriza pela presença de proteínas na urina e por hipertensão arterial na segunda metade da gestação. Mulheres com pré-eclampsia devem, em geral, dar à luz prematuramente para evitar complicações.


Segundo a comissão USPSTF (U.S. Preventive Services Task Force), a doença placentária é o problema médico mais grave que pode afetar grávidas no mundo. Diversos estudos foram realizados com o objetivo de avaliar estratégias efetivas para reduzir tanto a incidência como a gravidade da pré-eclâmpsia. Essas intervenções incluem dieta com restrição de proteína ou sal, repouso, exercícios, suplementação com zinco, cálcio, magnésio, ácido fólico, vitaminas antioxidantes (C e E), óleo de peixe ou outras fontes de ácidos graxos, heparina, heparinas de baixo peso molecular e drogas anti-hipertensivas. Além disso, estudos sugerem que a ingestão diária de pequenas doses de aspirina pode reduzir o risco da doença.

Fisiopatologia da pré-eclâmpsia

Estudos sugerem o envolvimento de fatores imunogenéticos na fisiopatologia da pré-eclâmpsia. Aventa-se uma possível implicação do gene da síntese do óxido nítrico e do sistema Human leucocyte antigen (HLA), resultando em uma resposta imunológica materna anormal ao trofoblasto, determinando a má-adaptação placentária. Assim, foi sugerido um modelo de fisiopatogenia da pré-eclâmpsia que admite deficiência na invasão trofoblástica nas artérias espiraladas maternas, levando à reduzida perfusão na unidade fetoplacentária. A má-adaptação placentária desencadeia lesões endoteliais que são responsáveis pela secreção de fatores ativadores do endotélio vascular na circulação materna, causando a pré-eclâmpsia.

Uso de aspirina na redução do risco da doença

Baseando-se na fisiopatologia da pré-eclâmpsia com anormalidades da coagulação e alteração da relação tromboxane A2 e prostaciclina, diversos estudos randomizados investigaram os efeitos de baixas doses de aspirina (50 a 150 mg/d) para sua prevenção.
Desta forma, uma revisão sistemática, disponibilizada na Cochrane, envolvendo 59 ensaios clínicos com 37.560 gestantes com risco moderado e alto para pré-eclâmpsia, sugere que a utilização de drogas antiplaquetárias, principalmente a aspirina, reduz em 17% o risco de desenvolver pré-eclâmpsia. Aspirina também foi associada à redução de 14% das mortes fetais ou neonatais, à pequena redução de 8% do risco de nascimentos antes da 37ª semana de gravidez e a 10% de redução da incidência de recém-nascidos PIGs.
Um painel de especialistas ligado ao governo dos EUA recomenda que mulheres com alto risco de pré-eclampsia tomem 81 mg de aspirina de baixa dose diariamente depois de 12 semanas de gestação. O grupo de risco inclui quem já teve o problema, mulheres com gestações múltiplas, aquelas com mais de 35 anos, obesas e quem desenvolveu diabetes ou pressão alta na gravidez. O uso de aspirina parece não provocar efeitos colaterais no curto prazo durante a gravidez, ao mencionar uma análise de 19 estudos clínicos.

Referências

<http://crfmg.org.br/novosite/index.php/profissional-empresa/imprensa/noticias/488-estudos-indicam-aspirina-contra-pre-eclampsia> . Acesso em: 27 abril 2014.

AMORIM, M. M. R., SOUZA, A. S. R. Prevenção da pré-eclâmpsia baseada em evidências. Revista Femina, v. 37, p. 47 – 52, Jan. 2009.

Médicos nos EUA recomendam aspirina para reduzir risco de pré-eclâmpsia. . Disponível em: 

< http://noticias.r7.com/saude/medicos-nos-eua-recomendam-aspirina-para-reduzir-risco-de-pre-eclampsia-08042014 >. Acesso em: 27 abril 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário